Leitora e leitor, estou um pouco cansada de ouvir as pessoas dizerem “não seremos trocados por máquinas, mas seremos trocados por quem dominar o uso das máquinas”. Não tenho dúvidas de que estamos vivendo um momento único, que ficará registrado na história como uma disrupção. Todas as pessoas estão tendo acesso a ferramentas que antes só poucos poderiam usar. Isso muda a competitividade e amplia horizontes, eu realmente acredito nisto, especialmente nos formatos de IA de machine learning e deep learning.
Esta nova era maquinas, irá revolucionar o modo como entendemos o aprendizado e a adaptação e essas tecnologias, que estão em constante evolução, aprendendo com novos dados e se adaptando a novas situações, deveriam nos inspirar a também nos tornarmos aprendizes contínuos, sem limitações ou travas.
É crucial revermos nossos métodos de aprendizado e expandirmos nossas possibilidades de conexão com o novo, superando a resistência natural que muitas vezes nos impede de avançar. As máquinas de aprendizado não possuem barreiras psicológicas que limitam o aprendizado; ao contrário, estão programadas para aprender incessantemente. Esse modelo de aprendizado é algo que nós, humanos, deveríamos copiar e expandir a nossa capacidade inata de aprender que é muitas vezes freada por medos e inseguranças, as famosas resistências.
Uma das maiores barreiras ao aprendizado contínuo para os humanos é a:
- resistência ao novo,
- medo do desconhecido,
- apego ao status quo e
- insegurança sobre nossa capacidade.
Para superar essas barreiras, precisamos adotar uma mentalidade de crescimento, onde vemos o aprendizado como um processo contínuo e não como um fim em si mesmo.
Aprender é entender sem medo de perguntar, sem medo de descobrir que não sabe nada e viver com a sensação de que falta tanto para saber e conhecer. Isso desenvolve uma virtude muito importante: a humildade, que é saber o que se sabe e saber o que não se sabe.
Você tem clareza do que sabe e do que não sabe?
Um passo importante para sair do grupo dos resistentes digitais e ingressar no grupo dos imigrantes digitais é manter-se atualizado em diversos campos. Devemos buscar constantemente novas informações e habilidades, e isso não apenas melhora nossa competência profissional, mas também enriquece nossa vida pessoal.
Por exemplo, aprender uma nova língua, dominar uma nova tecnologia ou desenvolver uma nova habilidade artística pode aumentar nossa criatividade, melhorar a resolução de problemas e expandir nossos horizontes. Eu mesma estou aprendendo a cantar e dançar, e isso tem me ajudado a conhecer músculos do meu corpo que eu desconhecia, como, por exemplo, respirar pelo diafragma, descobrir que em música o silêncio é um tempo a ser considerado no ritmo.
Deveríamos rever nosso modo de aprender, que tem sido linear e estruturado, para algo mais contínuo e ficar abertos a novas informações e estar dispostos a ajustar nosso conhecimento e habilidades de acordo com novas descobertas e insights. As crianças são aprendizes naturais e deveriam nos inspirar nesta tarefa. Elas exploram o mundo com curiosidade, não têm medo de errar e são extremamente receptivas a novas informações. Essa capacidade de aprender sem barreiras é algo que perdemos à medida que envelhecemos.
Nós, os adultos, os profissionais que pagam contas, por outro lado, muitas vezes nos tornamos resistentes ao aprendizado. Eu entendo que isso pode ocorrer devido a experiências passadas, medo de falhar ou simplesmente uma mentalidade fixa de que já sabemos o suficiente.
Como exercício de entendimento do que estou dizendo, pense em uma criança aprendendo a andar de bicicleta. Ela vai cair várias vezes, mas continuará tentando até conseguir. Um adulto, em contrapartida, pode evitar aprender a andar de bicicleta por medo de cair ou achar que já passou da idade para isso.
Você entende como a recepção ao aprendizado pode ser um fator crucial para o crescimento pessoal e profissional?
Bom, então hoje eu convido você, leitora e leitor, a se inspirar nas máquinas de aprendizado, adotando uma abertura ao aprendizado contínuo e superando as barreiras para podermos expandir nossos horizontes para o que está por vir. Vamos nos tornar máquinas de aprendizado humano.
Bora?
Ariane Reisier é consultora, escritora, palestrante e pesquisadora em transformação digital, certificada pelo MIT em Designing and Building AI Products and Services. Com a missão de conectar máquinas, robôs e pessoas, auxílio organizações na adaptação ao uso de inteligência artificial, promovendo eficiência e personalização. Produzo conteúdo sobre evolução tecnológica e futuro do trabalho.